quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

CIDADE DO TROCA-TROCA


Quem não se confunde, ao falar São Petersburgo?... Ou melhor, Leningrado. Ou ainda, Petrogrado??? Que confusão!
Ha´quem pergunte: por que a cidade russa de São Petersburgo possui um nome alemão?
A confusão se iniciou por causa da crença de Pedro I, o idealizador e fundador da cidade. Ele era apaixonado pela cultura holandesa e tinha como protetor o apóstolo Pedro. Daí, não deu outra...; Pedro I nomeou a cidade de Sankt Pieter Burch, ou seja, o nome do seu santo protetor em Holandês. Mas, isso ainda não explica o nome em alemão.
Bem, Pedro I odiava o Kremlin, com toda a sua antiquada tradição e, para mostrar ao mundo uma cidade inovadora, moderna e anti Kremlin,passou-se a denominá-la de Sankt Peterburg,um trocadilho de semelhantes palavras, que no alemão significava "cidadela" e, atualmente, "Fortaleza de São Pedro"; isso, para se contrapôr ao termo russo kremlin, que significa "muralha", "fortaleza". Oras, cidadela nada mais é do que a cidade que se localiza dentro de muralhas.
Porém, o troca-troca não pára aí. A Segunda Guerra veio modificar as coisas mais uma vez. A Rússia em posição de inimiga dos alemães substituiu os termos Peter e Burg pelos equivalentes russos Petro (de Piotr)e Grad, literalmente, "Cidade de Pedro", a Petrograd.
Petrograd, no entanto, não permaneceu. Em 1924, se não estou enganada na data, Petrograd passa a se chamar Leningrad, obviamente, por homenagem a Lenin.As coisas, no entanto, não param aí. No ano de 1991 ,se estou certa, a maioria da população votou a favor da cidade recuperar seu nome original e eis que, até o presente momento, pemanece este,Sankt Peterburg.
Será que haverá mais alguma mudança?...


(Lara J. Lazo)

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Em Casa (Dömá)


É engraçado... Às vezes precisamos viajar, percorrer distâncias, para perceber que, por mais que saiamos do lugar, por mais que tudo se mostre diferente, é tudo igual. Podemos nos sentir em casa em qualquer lugar, porque a casa está dentro de nós mesmos e a janela aberta para o novo torna tudo confortável. O mundo é um prisma, que nos transporta através de suas multicoloridas opções; mas é tudo é um ponto de vista. Se caminhamos por paragens desconhecidas, ao mesmo tempo nos vemos cercados pelo comum, por aquele traço chamado de Humanidade. Esse traço, que se diferencia em algumas diferentes concepções, está por toda parte, imutável. Gostaria de saber de onde surgiu a primeira postura de preconceito. Com certeza isso está perdido nas profundezas da história, porém, acredito que alguém, desejando escapar ilusoriamente do traço comum de humanidade, inventou isso para dominar e se fazer crer por si e pelos outros, de que é um mito. Por que há pessoas que desejam escapar Desse traço comum?
Os países existem? Os Estados? As raças? Os sexos? Não creio. Eles não existem...,foram criados. O que existe é o ser humano e apenas ele.
Essa sensação de linearidade dominou meu ser, enquanto caminhava pelas terras russas, um lugar a mim estranho e simultaneamente tão familiar.

(Texto: Lara J. Lazo)

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

PUTECHÉSTVIYE



“Viajar, perder países, ser outro constantemente”, diz Pessoa através de um de seus heterônimos. Por que é que custa tão caro e é tão burocrático atravessar fronteiras? Uma tribo gigantesca de humanos, seccionada por linhas terrestres, fluviais, aéreas. Não dava pra gente se encontrar sem essas barreiras e com mais freqüência? Foi maravilhoso visitar a Rússia, voltamos apaixonadas em poucos dias...há tanta coisa estupenda que a humanidade construiu em cada beirada do mundo. Imagine a possibilidade de compartilhar essas diferenças peculiares como um rito cotidiano? Pra que escola, essa instituição com prazo de validade vencido, monótona e repetitiva. Imagina a quantidade de aprendizado assimilada portando-se apenas um coração aberto, uma mente atenta e uma mochila nas costas. Eu tenho um imenso respeito pela organização Médicos sem Fronteiras, mas gostaria muito de ver efetivada a Professores sem Fronteiras, Crianças sem Fronteiras, Jardineiros sem Fronteiras, Cidadãos sem Fronteiras... afinal, tenho um mundo apenas pra chamar de meu.
(Maria Fernanda Laurito)

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

PERM


Perm é a maior cidade na área de Prikamye. Situada ao largo do rio Kama, o 4º rio mais longo da Europa, na região chamada de “ Vyatsko – Kamskaya taiga.” Importante região econômica dos montes Urais. A cidade é também um importante porto e passageiros chegam por via fluvial advindos de cinco mares. Rodeada por florestas de pinheiros, Perm destaca-se como centro científico e cultural.
Estes são alguns dados tirados do site WWW.psu.ru/perm/info . Nossa atenção voltou-se para essa cidade (que não conhecemos pessoalmente), após a fatalidade acontecida na semana passada, um incêndio numa casa noturna que matou 112 pessoas e deixou mais de 25 em estado crítico, a maioria, provavelmente, jovem. Outro acontecimento trágico (após o desastre do trem para Petersburgo). Amamos esse país que consideramos um dos mais intrigantes e bonitos do mundo e ficamos tristes quando essas notícias aparecem...mas, como os eventos humanos são imponderáveis, que os credos unam-se numa via de transcendência para atrair boas vibrações para a humanidade. A vida terrestre, sob qualquer forma, significa muito mais de que segmentações ideológicas ou religiosas.

Maria Fernanda Laurito