sábado, 8 de agosto de 2009

Museu Bulgakov







Um bilhetinho selou nosso primeiro contato com o mundo pessoal do grande escritor Mikhail Bulgakov. A essência do médico e escritor russo (ele nasceu na Ucrânia) parece conservada até hoje em um dos seus lares, situado em Moscow, próximo ao Largo do Patriarca, onde se passa parte do seu famoso romance O Mestre E Margarida. Ao lado da porta de entrada, a caixinha de correio aguardava uma mensagem nossa ao personagem Woland. Ali ele escreveu essa obra, que levou doze anos para ser concluída. Com idade, já cego, sua esposa o ajudava datilografando o livro para ele.
O gato preto que lá se encontra não é o mesmo do romance, mas a atmosfera do ambiente justifica a inspiração do escritor.
Hoje a casa e´conhecido como Museu Bulgakov, mas antes disso, chegou a ser um local de cultos.
Ele era médico e chegara a se alistar na Cruz Vermelha, na primeira Gerra. Tinhas sublimes ideais. Também fôra jornalista e era bem visto pelo governo estalinista.
Após a publicação de vários livros, passa a ser mal visto pelo duro governo de Stalin, o qual, sabe-se lá o porquê, não o enviou para a prisão. Apesar da imprensa e dos escritores tremerem na base sob um regime de forte punição aos anti-soviéticos, Bulgakov escrevia ao tsar, discutindo a represália contra a sua obra e um posível exílio, já que nao conseguia viver de seu trabalho na Rússia . Corajoso ou, talvez, amigo de doutrina do Tsar (Por que o Tsar o tolerava?), conversava com Stalin, que arrumava emprego paraele. Nunca permitiu que Bulgakov visitasse o exterior, mas recebia suas cartas de solicitação e as respondia.
As obras do escritor foram proibidas no país durante muitos anos. Com vários assuntos de teor profundamente hermético e político, passaram seus livros a afrontar as idéias políticas pregadas ao povo, mas, Stalin, talvez as tenha apreciado em seus momentos de leitura particular.
"Os pergaminhos não ardem", célebre frase do romance Mestre E Margarida. Bulgakov lançou seus originais da obra ao fogo, mas, na vida real, eles foram salvos por sua esposa, enquanto que, no livro, foram salvos pelo diabo. Entenda-se o que quiser, mas a verdade é que Bulgakov, ao contrário de quase todos os escritores anti-comunistas, nem foi preso e nem morto, tampouco se suicidou... Quem estava ao seu lado, protegendo-o? Deus, o Diabo, Stalin, uma ordem secreta filosófica ou sua mulher?
No museu, observando tudo, só é possível imaginar, ou melhor, sentir, os lúcidos olhos do romancista a olhar para a máquina de escrever e vislumbrar coisas muito além do mundo em que vivia. Hoje, ali, suas fotos habitam as estantes e seus livros renascem do silêncio do período comunista.

(Lara J. Lazo)

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