segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Peterhof, o Versailles Russo







Deslizando pelo Neva, rio imponente e cheio de histórias, a uns 30 quilômetros de Petersburgo, nosso destino era um outro tempo, conservado no seio gelado do Golfo da Finlândia. Íamos comendo bananas e contemplando a chuva fina que acinzentava a paisagem. Em breve chegaríamos a Peterhof, termo alemão que significa Côrte ou Jardim de Pedro. Aportamos diante de uma tapete de água muito longo, um braço artificial do Mar Báltico. O passado nos recebia de braços abertos. Nos passos do Tsar Pedro I, O Grande, imperador e fundador de Petersburgo, adentramos os infindáveis jardins do palácio, o marco inicial da cidade de São Petersburgo, construído durante o período de 1714 a 1725.
Para ser sincera, o que pensar daquilo tudo?! Luxo imensurável incravado no meio do lodo. Seguimos adiante, penso, que sem pensar. Apenas contemplávamos aquelas medidas descabidas: tudo muito, num país que se ergue das guerras e da pobreza com dificuldades. Os Romanovi deixaram um legado incrível, que teve início naquele lodo. Parece que dali, os Romanovi escreveram a sua história grandiosa e trágica. Se o brilho do ouro ofusca a vida, ali estava um exemplo disso.
Ladeado por jardins inferiores e superiores, demos de cara com o Grande Palácio, de características russas e francesas, um baú de muitas histórias. As inúmeras fontes, que jorram naturalmente, inundam a terra, e foram construídas com o intento de molhar pos visitantes.
É muito fácil, naquele flash histórico, vislumbrar o Tsar Pedro Romanov I percorrer aquela imensidão a cavalo e lançar seus sonhos no infinito horizonte do mar báltico. Seus sucessores posteriormente.
Num lugar paradoxal, com uma fonte denominada Sol e monumentos em homenagem à vitória da Rússia sobre a Turquia, tudo isso sobre o sangue daqueles que construíram com suor o sonho de pedra do Tsar, num país que tornou-se comunista... O que pensar? Como compreender os sonhos que se tornaram realidade e que se perpetuam além de seus sonhadores?
Quando não compreendemos, apenas sentimos e, olhando para o passado, acabamos vislumbrando o futuro.

(texto: Lara J. Lazo)

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